16/10/2018
Maíra Menezes
A edição 2018 do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, concedido pela presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou quatro pesquisas desenvolvidas nos Programas de Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Coordenada pela vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), a premiação contempla estudos que contribuem para o avanço do campo da saúde nas diferentes áreas de atuação institucional da Fiocruz. A entrega da honraria ocorreu nesta segunda-feira, 15 de outubro, em cerimônia realizada na Tenda da Ciência Virgínia Schall, no campus da Fiocruz em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. “É motivo de muito orgulho ver como o Ensino do IOC tem se destacado ao longo dos anos. Em diversos eventos, a qualidade das pesquisas desenvolvidas por nossos estudantes é reconhecida com primeiros lugares ou menções honrosas. Nessa premiação, por exemplo, das oito teses agraciadas, quatro foram do IOC. Isso é fruto de um intenso trabalho coletivo”, comemorou o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto.
Emocionada, Vitória Maria Araújo Moraes, que representou a filha Carolina Araújo Moraes, da Pós em Biologia Celular e Molecular, recebeu a premiação entregue por Mychele Alves, vice-presidente do Sindicato dos Servidores de Ciência, Tecnologia, Produção e Inovação em Saúde Pública (Asfoc-SN). Crédito: Gutemberg Brito
Desenvolvida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC, a tese de Carolina Araújo Moraes venceu na categoria ‘Ciências Biológicas aplicadas à Saúde e Biomedicina’. Orientada pelo pesquisador Fernando Bozza, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), a pesquisa investigou mecanismos ligados aos sintomas neurológicos da sepse, quadro de infecção grave, também conhecido como infecção generalizada, que provoca uma forte reação inflamatória do organismo, comprometendo diversos órgãos. Com o título ‘Investigação do papel da microglia na disfunção sináptica na sepse’, o estudo teve como foco células da chamada microglia, que atuam como células de defesa do sistema nervoso central. Através de experimentos com roedores considerados modelos para o estudo da doença e ensaios com culturas de células neuronais, o trabalho identificou mecanismos celulares desencadeados pela ativação das células da microglia que podem estar relacionados às disfunções nas conexões neuronais provocadas pela sepse.
Mychele Alves; Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz; Manoel Barral Netto, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, e Richarlls Martins Silva, representante da Associação de Pós-graduandos, com os autores e orientadores das teses ganhadoras de menções honrosas. Crédito: Gutemberg Brito
Na mesma categoria, a menção honrosa foi concedida a Gabriela de Azambuja Garcia, estudante do Programa de Biologia Parasitária do IOC, pela tese ‘O papel da resistência a inseticidas e da densidade de Aedes aegypti na disseminação da Wolbachia em populações nativas do Rio de Janeiro, Brasil’. Orientada pelo pesquisador Rafael Maciel de Freitas, do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do IOC, e co-orientada pelo pesquisador Daniel Vilella, coordenador do Programa de Computação Científica (PROCC/FIOCRUZ), a pesquisa teve como foco um método, baseado na bactéria Wolbachia, que reduz a transmissão de vírus como dengue, Zika e chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti. A pesquisa investigou porque a primeira liberação de Aedes infectados com a bactéria no Brasil não teve o mesmo sucesso observado na Austrália, Indonésia e Vietnã, apontando caminhos para superar o problema. Através de trabalhos de campo, experimentos em laboratório e aplicação de modelos matemáticos, o estudo mostrou que é preciso considerar o uso de inseticidas nas localidades de liberação dos insetos e a presença de resistência aos compostos entre os mosquitos locais para o sucesso da iniciativa.
Na área de Ciências Humanas e Sociais, Bianca Della Líbera da Silva, autora da tese ‘Um mundo sem barreiras: estudantes com deficiência visual discutindo saúde nas mídias sociais’, defendida na Pós-graduação em Ensino em Biociências e Saúde do IOC, conquistou menção honrosa. Orientado pela pesquisadora Claudia Jurberg, servidora do IOC vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o trabalho discutiu as possibilidades de uso das mídias sociais na educação para a cidadania e na inclusão de estudantes com deficiência visual. Além de analisar o uso das redes sociais pelos jovens, a pesquisa promoveu atividades com o objetivo de estimular o engajamento em discussões sobre o conceito ampliado de saúde e o compartilhamento do conhecimento construído. Entre outros resultados, o estudo destaca que os adolescentes revelaram temas de interesse importantes tanto para a saúde coletiva quanto individual, incluindo doenças crônicas não transmissíveis, estilo de vida, vacinação, prevenção ao suicídio e determinantes sociais da saúde.
Também desenvolvida no Programa de Ensino em Biociências e Saúde do IOC, a tese de Thaís Faggioni recebeu menção honrosa na categoria Medicina. A pesquisa, orientada pelo pesquisador Luiz Anastácio Alves, chefe do Laboratório de Comunicação Celular do IOC, analisou o ensino de imunologia em cursos de medicina e desenvolveu um software educacional, disponível de forma livre na internet, com o objetivo de contribuir para o processo de aprendizagem da disciplina. O projeto ‘O ensino de imunologia em algumas escolas médicas brasileiras: proposição de novas estratégias utilizando tecnologias da comunicação e informação’ contou com entrevistas com 405 estudantes e 14 professores de sete cursos de medicina do país. A análise dos questionários apontou uma percepção majoritariamente positiva sobre o uso de tecnologias da comunicação nas aulas. No entanto, o trabalho sugeriu que as escolas médicas não dispõem de recursos que estimulem os professores e alunos a adotarem esse tipo de recurso.